EDSON GUEDES DE MORAIS
Fotografia impressa pelo Poeta, contista, artista plástico
e editor paraibano, nascido em Campina Grande (PB)m nasci em 1930. Falecido em 24 de outubro de 2024.
Praia NOITE
Poema de Antonio Miranda
1.
Praia sem estrelas, sem
banhistas, nossos olhos
e as luzes marítimas
da orla refletidas em nós.
Praia noite, ventos alísios
e a timidez dos iniciados.
Paisagem comum, cotidiana
e mais por isso, íntima.
Não a noite dos boêmios
ou dos poucos românticos;
noite nua, os ventos vagos
e as palavras mornas, suas.
Os personagens da noite
trêmulos e vacilantes,
os nossos passos errantes
descobrindo o de sempre.
Descobrindo-nos. A noite
em que penetramos andando
pelas esquinas e as palavras,
risos e toda espontaneidade.
A noite aproximando-nos.
2.
Andando o tempo em palavras
nos vamos reconhecendo.
A noite em seus estertores.
A manhã quando nasce
como uma auréola
em nós, como os anéis
invisíveis do amor em nós.
Um diálogo quase estéril,
arrastado e brumoso
a poucos metros do mar:
é a manhã que nasce, maré.
O amor que nego, dialogamos,
as longas definições,
o vai-e-vem das ondas
saindo das brumas e dúvidas.
Copacabana que vive em nós,
em outros dorme, e passos
primeiros dos que levantam
para o trabalho rotineiro.
A luz prometida no horizonte
e as nossas promessas, vagas
da maré, as palavras mudas
de toda responsabilidade.
É um novo dia que nasce
preamar, no nosso amor,
arrastando-se no tempo
e não estamos seguros. Juro.
16.05.1964
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